sábado, 2 de maio de 2015

Menina cortesã

Pobre menina cortesã
De abrigo fácil no meio da noite
Reluz em si a amperagem
Do desejo a plenitude do gozo.
Pobre menina cortesã
Moribunda do prazer alheio.
Apruma-se para fealdade que a espera...
Minissaia, cano escuro, maquiagem gasta.
Truques e malícias.
Script de uma dama perfeita.
Pobre menina cortesã
Cocotte de luxo dos suados operários das fábricas, dos executivos endinheirados.
Vítima de seu consentimento, algoz de si mesma, atriz da promiscuidade.
Rímel de uma anjo perturbado.
Que por trás da carne usada
Encobre um choro censurado.
Pobre menina cortesã
Não se abstém dos perigos exaltados
Sífilis, gonorreia, hepatite e a sida incubada.
Pobre menina cortesã
Com quantos anos perdeu sua mocidade?
Em qual batom ficará sua última artificialidade?
Pobre menina cortesã
Solícita, aguarda o próximo enamorado.
Enquanto no azulejo branco do fétido banheiro,
Vê-se outra vez ceifada em lágrimas
As máscaras que esconde.

Um comentário:

  1. Esse texto me trouxe uma reflexão. A de que muitos por aí,  se escondem atrás de algo. Talvez não por comodidade, mas sim por medo de tentar e realmente conseguir. O medo da cobrança, da pressão que o mundo em si nos traz... 

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