Há muito, tentei negar a máxima de Jean-Jacques
Rousseau, pensador do iluminismo francês, em meados do século XVIII, na qual
expressa uma avassaladora mensagem: “o homem nasce bom, a sociedade o
corrompe”. A partir dessa premissa, fico
a pensar em todo o caos produzido nesta sociedade confusa e caduca. Os dizeres
do filósofo do chamado 'século das luzes' invocam uma horrenda certeza que me
parece cravada no âmago da consciência: Nossos adolescentes, crianças muitas
das vezes, perdem-se denotativa e conotativamente no tempo e no espaço.
Assim, facilmente, ao sairmos de casa
para labuta hercúlea de todos os dias, deparamos quase que constantemente com
cenas dantescas de crianças e de adolescentes pedindo esmolas, suplicando um
trocadinho qualquer, seja próximo de semáforos, seja próximo de nossas
residências. Diariamente, essas
cenas humilhantes e revoltantes enchem-nos os olhos com pavor e desgosto, o que
nos faz pensarmos quais seriam as razões para que essa praga social ainda
assole nossa sociedade.
Primeiramente, a desestruturação familiar se torna cargo-chefe na metamorfose na qual transformam alguns jovens em
“pedintes de rua”. Ao ver do escriba dessas mal-traçadas, nenhum pai ou mãe que
ame seu filho e que esteja em sã consciência, deixaria sua carne, seu sangue,
sua perpetuação genética na terra em horripilante situação. O mesmo se aplica aos filhos adotivos, filhos d’alma. Lamentável observar que alguns desses ditos
“pais” que mais parecem monstros algozes de seus rebentos são patrocinadores
desse cenário imoral e desumano enquanto que como genitores deveriam agir
humanamente com seus filhos e, consequentemente, protegê-los, educá-los e
amá-los condicionalmente.
Outro fator preponderante para essa
calamidade é justamente a ausência de políticas públicas de combate e prevenção
a esse mal social. Percebemos que o Governo, em todas as esferas, é
co-responsável por essa vulnerabilidade a que estão expostos nossas crianças e adolescentes. Assim, penso que
esse entrave seja extremamente dificultoso para progresso de uma nação, pois a
politicagem que impera em “terras tupiniquins” gera um retrocesso, e, por
conseguinte, uma espécie de paralisação do estado democrático de direito.
Ao andarmos pelas ruas, vielas e avenidas
dos ditos grandes centros urbanos, percebemos o quanto parte de nossa juventude
está vulnerável a múltiplos problemas sociais, enquanto que nossos governantes,
em geral, demonstram descaso para tal situação. Um jovem pedindo esmolas na rua
provoca uma série de conflitos, tais como: a criminalidade, as drogas, a
prostituição, a violência urbana, o estupro, dentre outros germes que
empobrecem nosso país.
A partir de atual conjuntura social,
faz-se necessário um olhar mais apurado e cauteloso do Governo a fim de
solucionar ou ao menos minimizar essa espécie de peste que devasta uma
considerável parcela da juventude brasileira. Necessita-se de construção e
reestruturação de escolas públicas a fim de mantermos nossos jovens nas escolas, possibilitando a ótica de que os estudos são preponderantes à
ascensão social, programas de estágio remunerado para incutir a satisfação de
obter as coisas que desejamos através do dinheiro advindo do trabalho, uma
maior interação entre pais e filhos como processo de instrução internalizando
valores, ética e moral, preparação educacional dos centros de internação de
menores infratores a fim de obter êxito na socialização, construção ou ativação
de centros culturais e esportivos para propagar a cidadania, quiçá a descoberta
de novos talentos. E, assim, tentarmos apagar as cinzas de nossas
ruas e colori-las das verdadeiras cores que nos interessam: as cores da
justiça, da igualdade e da inclusão social.
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