sábado, 2 de maio de 2015

Juventude Vilipendiada

      Há muito, tentei negar a máxima de Jean-Jacques Rousseau, pensador do iluminismo francês, em meados do século XVIII, na qual expressa uma avassaladora mensagem: “o homem nasce bom, a sociedade o corrompe”.  A partir dessa premissa, fico a pensar em todo o caos produzido nesta sociedade confusa e caduca. Os dizeres do filósofo do chamado 'século das luzes' invocam uma horrenda certeza que me parece cravada no âmago da consciência: Nossos adolescentes, crianças muitas das vezes, perdem-se denotativa e conotativamente no tempo e no espaço.
      Assim, facilmente, ao sairmos de casa para labuta hercúlea de todos os dias, deparamos quase que constantemente com cenas dantescas de crianças e de adolescentes pedindo esmolas, suplicando um trocadinho qualquer, seja próximo de semáforos, seja próximo de nossas residências.  Diariamente, essas cenas humilhantes e revoltantes enchem-nos os olhos com pavor e desgosto, o que nos faz pensarmos quais seriam as razões para que essa praga social ainda assole nossa sociedade.
      Primeiramente, a desestruturação familiar se torna cargo-chefe na metamorfose na qual transformam alguns jovens em “pedintes de rua”. Ao ver do escriba dessas mal-traçadas, nenhum pai ou mãe que ame seu filho e que esteja em sã consciência, deixaria sua carne, seu sangue, sua perpetuação genética na terra em horripilante situação. O mesmo se aplica aos filhos adotivos, filhos d’alma. Lamentável observar que alguns desses ditos “pais” que mais parecem monstros algozes de seus rebentos são patrocinadores desse cenário imoral e desumano enquanto que como genitores deveriam agir humanamente com seus filhos e, consequentemente, protegê-los, educá-los e amá-los condicionalmente.
     Outro fator preponderante para essa calamidade é justamente a ausência de políticas públicas de combate e prevenção a esse mal social. Percebemos que o Governo, em todas as esferas, é co-responsável por essa vulnerabilidade a que estão expostos nossas  crianças e adolescentes. Assim, penso que esse entrave seja extremamente dificultoso para progresso de uma nação, pois a politicagem que impera em “terras tupiniquins” gera um retrocesso, e, por conseguinte, uma espécie de paralisação do estado democrático de direito.  
      Ao andarmos pelas ruas, vielas e avenidas dos ditos grandes centros urbanos, percebemos o quanto parte de nossa juventude está vulnerável a múltiplos problemas sociais, enquanto que nossos governantes, em geral, demonstram descaso para tal situação. Um jovem pedindo esmolas na rua provoca uma série de conflitos, tais como: a criminalidade, as drogas, a prostituição, a violência urbana, o estupro, dentre outros germes que empobrecem nosso país.

       A partir de atual conjuntura social, faz-se necessário um olhar mais apurado e cauteloso do Governo a fim de solucionar ou ao menos minimizar essa espécie de peste que devasta uma considerável parcela da juventude brasileira. Necessita-se de construção e reestruturação de escolas públicas a fim de mantermos nossos jovens nas escolas, possibilitando a ótica de que os estudos são preponderantes à ascensão social, programas de estágio remunerado para incutir a satisfação de obter as coisas que desejamos através do dinheiro advindo do trabalho, uma maior interação entre pais e filhos como processo de instrução internalizando valores, ética e moral, preparação educacional dos centros de internação de menores infratores a fim de obter êxito na socialização, construção ou ativação de centros culturais e esportivos para propagar a cidadania, quiçá a descoberta de novos talentos.   E, assim, tentarmos apagar as cinzas de nossas ruas e colori-las das verdadeiras cores que nos interessam: as cores da justiça, da igualdade e da inclusão social. 


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